Gosto de gente como eu gosto de frutas: gosto de gente de vez. Tem gente verde demais e tem gente madura demais. Não sou muito chegado a essas gentes, não... Gente verde demais é muito dura. Dá trabalho demais de tirar do pé e só fala coisas adstringentes. Gente verde demais é pequena e tem pouco suco para oferecer; gente verde demais suga muito dos outros para crescer e custa muito para adoçar. Gente verde demais não tem a capacidade de gerar nada para a vida e menos ainda de ajudar a sustentar as vidas de outras gentes.
Gente madura demais também não acho assim grande coisa. Quando não é doce demais que chega a irritar, está podre ou com bicho. É a falta de cuidado com o tempo é que implanta bichos e podridão nas gentes maduras demais. E quando isso acontece, não tem jeito; fica muito difícil de aproveitar. Gente madura demais é muito sensível e amassa por qualquer coisinha. Isso porque tem consigo toda a convicção que traz a passagem do tempo. E gente de convicção sempre cai do pé com maior facilidade. E quando isso acontece elas podem até rachar.
Por isso é que eu gosto mesmo é das gentes de vez! Gente de vez sempre está no ponto. É doce o necessário, mas sempre deixa aquele gostinho azedo do desafio da conquista. Não é dura, nem macia demais. Dá um certo trabalhinho de se degustar, mas o sabor é sem igual! Gente de vez já conhece bem das coisas da vida, mas ainda se dispõe a trocar experiências sem a prepotência temporal das maduras demais. Gente de vez tem o sumo cheiroso e é mais sedutora que as outras. Gente de vez balança ao vento sem o medo de cair. Não porque ache que nunca cairá, mas porque sabe que se cair sempre poderá ser aproveitada. Gente de vez tem vontade, garra e alegria! É claro que sempre encontramos outras gentes fenomenais, como as gentes uvas-passas e as gentes maçãs-verdes. Mas cá para nós, eu acho as goiabas de vez bem mais sensacionais!
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