quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ao léu

Ultimamente não penso em mais nada
Não tenho o peito arfante
Nem mais sede de estrada

Não evito o fracasso
E já tão pouco o temo
Desilusão no coração
Tem sido em alto-mar o remo

Mas agora já é cedo
A luz se espalha na neblina
Com o breu lá se vai o medo
Comecemos de novo a vencer a colina!

Logo tudo retornará
E perderei novamente a rotina
Rotina essa que quando está
Retalhos de vida ilumina.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A luz perdeu a corrida?!

Bom, mais uma vez eu "chego atrasado" por aqui para falar de assuntos polêmicos. Na verdade isso é proposital: gosto mais de discorrer sobre as reações do pessoal ao fato do que sobre o próprio fato em si.

Cientistas do CERN, baseados em experimentos realizados no LHC (o maior acelerador de partículas já construído), afirmaram medir velocidades de neutrinos maiores que a velocidade da luz. Einstein postulou em 1905 no Princípio da Relatividade, que nenhum corpo massivo poderia chegar a se locomover com velocidade igual a da luz. Muito menos com velocidade maior. Se os cientistas estiverem corretos os fótons deixaram de ser o "Airton Senna do Brasil".

Esses experimentos causaram um certo auê na comunidade científica, principalmente na área da Física, obviamente. Muitos outros cientistas não acreditam nos resultados, que foram medidos mais de 16 mil vezes. Isso retoma uma questão que sempre entrou em jogo, desde as épocas mais antigas, nas vésperas de quebras de paradigmas vigentes: se as "crenças" dos cientistas influenciam ou não no andar da ciência. Isso já foi muito bem discutido, mas ainda há vertentes de pensamento que não chegam a um denominador comum. Paciência. Ainda assim penso que esquentar tal discussão sempre é de grande valia.

Outro ponto que me deixou curioso foi o verdadeiro "terror" de certos cientistas quanto aos resultados. Em primeiro lugar, tal tipo de situação deveria excitar ainda mais a nós cientistas: tem muito mais trabalho a ser feito do que imaginávamos! Isso é bom! Não tão logo estaremos desempregados. Haverá maiores investimentos da iniciativa privada nessa área por ser um assunto polêmico e por estar na mídia. Temos coisas novas a descobrir! Temos uma Física nova a nascer! Não consigo conceber tal "terror". Em segundo, tudo que já foi criado baseado na Teoria da Relatividade não deixará de funcionar só porque a velocidade da luz (supostamente) não é mais o limite de velocidade para os corpos. Os GPSs não deixarão de funcionar por isso. Os fótons não entrarão em greve! Nem a Astrofísica deixará de usar o Efeito Doppler para medidas de velocidade de galáxias. Muito pelo contrário! Uma reviravolta nos paradigmas pode aumentar ainda mais a qualidade e a precisão nesses quesitos. Sem contar novos equipamentos que daí podem surgir.

Não tomemos esse fato com tanto espanto. Mesmo porque até Airton Senna já morreu e o Sebastian Vettel está na área. Assim como os neutrinos...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Solidão

Trago no rosto um olhar frio
E no peito um coração quente
Um coração que pula com brio
Em busca de um amor ausente.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Casamento

Não, eu não vou ao casamento. Eu poderia inventar quatrocentas mil desculpas para evitar essa conversa, mas prefiro a verdade. A verdade que deveria ter sido dita há anos e talvez trouxesse um novo rumo ao andar trôpego que tomou nossa carruagem.

Não, eu não vou ao casamento porque não conseguiria presenciá-lo. O casamento é cônjuge de vários funerais: o funeral do nosso alegre barzinho na esquina; o funeral da nossa casinha na roça em beira de rio; o funeral da nossa vidinha pacata e dos nossos churrascos nos fins de semana. E como bem sabes, eu não gosto de funerais.

Não, eu não vou ao casamento porque ele é o veneno para uma vida em mim pré-construída. Uma vida luminosa, ensolarada e muito bem arborizada e florida pelos canteiros. Uma vida de criança. Uma vida de doces e travessuras. E envenenada essa vida em mim, só me resta a atual. Uma vida gris, nublada e de muros pichados e janelas quebradas. Uma vida moribunda. Uma vida de ombros baixos e lágrimas escondidas.

Leva de volta teu convite e dá-o para outra pessoa. Porque não, eu não vou ao casamento.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Fazendo um servicinho de utilidade cultural por aqui, gostaria de divulgar a apresentação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais amanhã na entrada da UFV às 20:00. É de graça, pessoal! A apresentação é um dos eventos comemorativos pelos 85 anos da universidade. Não fiquei sabendo do repertório a ser tocado, mas de qualquer forma não dá pra perder!





Relato

Como hoje vi que alguém acessou o meu blog digitando "greve ufv" no Google, vou me ater um pouco mais no assunto. Eu realmente gostaria que os estudantes, principalmente, tirassem os olhos de seus próprios umbigos e pensassem um pouco sobre a realidade da Educação na atualidade e sobre a gravidade em que se encontra.

Gostaria de mostrar meu contentamento com o fato de haver vários estudantes apoiando esta greve. Sim, vários, mas ainda gritante minoria.

Deixo aqui o link para um texto bem explicativo a respeito do motivo da greve. Leiam o texto, mas notemos que não estou falando que outros profissionais de outras áreas não devam ter remuneração decente. É para observarmos quão desvalorizada está a árdua carreira de professor universitário.

Abraços a todos com a esperança de que a greve aconteça e que dela surjam melhorias para a classe!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Novamente sobre a greve

Hoje fiquei sabendo que o pessoal da Assembléia dos Estudantes aqui da UFV se posicionou a favor da greve. Por infortúnio (ou por falta de divulgação, mesmo!) fiquei sabendo da assembléia geral dos estudantes que discutiria essa questão só agora; na hora do acontecimento da mesma. Por outros compromissos não pude comparecer, mas fica aqui meio que um pedido de desculpas pelo texto abaixo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Da greve e do ME

Eu já disse e repito que o Movimento Estudantil de hoje em dia nem se compara ao de antigamente. Obviamente não digo isso pela época da ditadura ou algo do tipo. O ME de antes se preocupava com questões sócio-culturais que fugiam a simplesmente o escopo universitário de aulas ou assistência estudantil.

Estamos todos vendo a situação em que se encontra a Educação (agora fugindo à normalidade, me referindo especificamente ao ensino superior), que já sofreu cortes no início do mandato da atual presidente. Não mencionemos, então, os cortes em C&T que são críticos para o desenvolvimento nacional.

Além de dar prévias de um possível congelamento absurdo dos salários dos professores por anos, podemos não ver cumprida a promessa de reajuste anual já estipulada há anos atrás.

Então pergunto: onde estão os membros do Movimento Estudantil para APOIAR esta greve? Devem estar em alguma reuniãozinha discutindo de quanto será o prejuízo causado nas festas de sertanejo universitário...

E o Brasil, ó!

Novelas e novelas...

Depois que a Globo veio com a magnífica ideia de colocar novela às 23:00, TODAS as emissoras que passam na antena da minha casa começaram a fazer o mesmo! Não que seja um viciado em televisão revoltado por isso, mas gosto de sentar em frente à televisão enquanto faço meu lanchinho noturno e assistir a alguma coisa um pouco mais decente...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O cão e o amor platônico

Os amados são os carros. Os amantes, os cães. Quando, finalmente, estes alcançam aqueles, geralmente não sabem o que fazer e desencantam.

Em suma, apaixonamo-nos por nossa imaginação.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Momento cabeça vaga

"Em Piúma existem os piores males." Cebolinha

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Aniversário

Ontem foi meu aniversário. Vinte e três anos e uma estrada de incertezas para seguir. Como diria Belchior: "sob o meu chapéu quebrado, um sorriso ingênuo e franco de um rapaz novo encantado com vinte anos de amor"... mas falemos de coisas boas e profícuas!

O fato é que ganhei um presente fabuloso do dia 31 para o dia primeiro: no encerramento do Festival de Inverno de Ponte Nova ganho um lindo show de Milton Nascimento, Wagner Tiso e Tunai! Foi a primeira vez que vi (e ouvi) o Bituca ao vivo. É realmente uma emoção inexplicável assistir a um show seu. Ademais a presença de ótimas companhias somente engrandeceu a situação.






Gostaria de parabenizar os pontenovenses por terem marcado presença, pois um show de tal cacife não é todo dia que se vê. Foi uma quebra ao fiasco acontecido há 2 anos quando João Bosco veio com banda completa na mesma situação e também de graça. Muito pouca gente se prestou a prestigiar o show, se pensarmos em sua qualidade.

Agradeço a todos pelas felicitações enviadas e agradeço também aos que tentaram enviá-las sem sucesso. Meu desprendimento do celular já está tomando proporções preocupantes! Hahaha!

Abraços a todos e que, ao contrário do que muitos pensam, este agosto seja repleto de coisas gostosas. Não só de comer; também de se viver e de se presenciar!

P.S.: esqueci de mencionar que o fim da Ordem dos Músicos foi anunciado justamente dia primeiro! Esse sim foi um presentão!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Horários ingratos

Depois da inconha do Michel Teló ter ido umas setenta e duas vezes no Faustão naqueles fatídicos domingos à tarde que não tem nem churrasco, nem outros programas mais interessantes, a Globo decide fazer um especial da Marina Lima. Obviamente não é domingo à tarde, mas sexta-feira depois do Jô é sacanagem! Às vezes eu chego da noitada mais cedo e assisto ou quem sabe eu arranje uma gripe e fique em casa... vou te contar, viu?!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Reflexões

Fatos fatídicos (acho essa expressão tão engraçada!) de ultimamente fizeram com que eu me isolasse na roça para clarear um pouco as ideias. Não me isolei, na verdade. Estive sempre com a minha irmã, que é oceano de compreensão e bondade. Ajudou-me muito nessas últimas semanas e serei eternamente grato por isso. Meu amor por ela já era eterno há muitos e muitos anos.

Na roça tinha um rio, muito verde, muitos cachorros, muita comida gostosa, muitas bebidas, e muitos, mas muitos carrapatos!

Entre as minhas reflexões, eu realizei que não há templo mais sagrado do que os braços da família. São pessoas nas quais a confiança transcende o próprio instinto vital, fazendo com que deixemos nossas vidas em suas mãos sem nunca titubear sobre o que poderia acontecer devido a essa ação. São pessoas que sempre quererão o seu bem, por mais que alguns acontecimentos não evidenciem isso.

Descobri também que deve ser humanamente IMPOSSÍVEL alguém não querer ser criança novamente. Ter aquela falta de responsabilidades (camuflada pelos pais, obviamente) que torna a vida tão mais saborosa! A paciência de Jó e a coragem de sujar a idumentária para brincar com os cachorros. A perenal vontade de nadar, por mais frio que faça! O medo e a crença em coisas e fatos inexistentes (inventados justamente para divertir seus criadores!). Mas o melhor é obter o carinho incondicional das pessoas à sua volta sem nenhum tipo de preconceito ou amarras sócio-culturais.

Realizei também que aconteça o que for, nunca vale a pena se desesperar! O desespero é o melhor mecanismo para destruirmos a nós mesmos e nos tornarmos extremamente desagradáveis às pessoas à nossa volta. Ainda mais se for pelos outros! Ninguém pode ser nem tão grande, nem tão mesquinho, nem tão fútil, nem tão cínico, nem tão hipócrita, nem tão incompetente, nem tão mentiroso, nem tão criminoso, nem tão desagradável a ponto de nos tirar do sério. Esse é um erro que jamais cometerei novamente!

Senti que a sorte não é um fator irrelevante para a vida; só devemos aprender a construir a nossa!

Aprendi também que quando nos sentirmos sozinhos, desamparados, sem perspectiva de futuro e sem garra, sem forças para enfrentar a vida que nos bate a porta com seus padrinhos nos chamando para o duelo, nessas situações nos basta a lembrança de que existem pessoas que nos amam. Existem pessoas que nos divertem quando estamos mal. Exitem pessoas que ligam para nos acordar quando temos um compromisso cedo. Existem pessoas que compreendem nossos motivos para atitudes absurdas. Existem pessoas que nos deixam chorar e secam nossas lágrimas.

Bom, sem mais delongas e sem mais reflexões, fico por aqui com aquela sensação de que agora as coisas podem e devem acontecer! E se não acontecerem, elas que se danem! Não preciso de "coisas" para viver mesmo...

Abraços a todos e tudo de bom!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Calabar: o Elogio da Traição

Como um aficcionado por música brasileira, há muito tempo tenho conhecimento e sinto muito apreço pela obra de Chico Buarque de Holanda. Bom, acontece que, por fatores desconhecidos, o contato com o que faria-me reconhecê-lo como genial tardou muito a acontecer. Somente nesse ano de 2011 tive o contato com o magnífico disco de 1973, "Chico Canta" (??? - explicações adiante), que é trilha sonora da peça "Calabar: o Elogio da Traição", de Chico Buarque e Ruy Guerra.

Nesse texto não tentarei dar uma aula sobre Domingos Fernandes Calabar, nem sobre o contexto histórico da sua existência, e nem sobre a ditadura militar, que foi o grande "alvo" da peça lançada. Isso encontra-se em qualquer livro de História do Brasil (por mais tendencioso que possa estar, mas que seja! Todos nós devemos trazer nossos próprios filtros de acordo com nossos próprios conhecimentos e vivências). Somente darei um pequeno embasamento para que vocês possam contemplar a grandiosa genialidade do Chico ao compor algumas das músicas que fazem parte da trilha sonora da peça.

Durante a invasão holandesa no século XVII, Calabar era uma peça estratégica fundamental para o exército português pelo fato de saber muito sobre a região local (Recife e redondezas) e muito sobre táticas do exército português. Quando Calabar decide passar para o lado dos holandeses, a disputa muda de figura e a invasão toma proporções muito maiores com a tomada de várias localidades. De qualquer forma o desfecho da história se dá com a captura e esquartejamento de Calabar, com sua exposição em praça pública, e a expulsão dos invasores.

A passagem de Calabar para o lado holandês é muitas vezes associada com o "patriotismo" de Calabar que supostamente teria a visão de libertação do "povo brasileiro" ante a tomada do território pelos holandeses, visto que o Brasil, pela ótica portuguesa, era declaradamente uma colônia de exploração. Essa é um ponto de vista dúbio da questão, uma vez que a existência de uma identidade de patriotismo com o Brasil é considerada muito improvável para datas tão remotas. Um motivo alternativo para a traição seria a melhoria da condição de Calabar enquanto comerciante (senhor de engenho).

Tendo feito essa "grande" explicação do que teria sido Calabar e sua representação, vamos à melhor parte: as músicas! O que o Chico fez com toda a história foi o entrelaçamento da história de Calabar com ficção embebida em conotações sexuais. A música que mais demonstra essa postura é "Cala a boca, Bárbara" (Bárbara era, de fato, a esposa de Calabar).




Ele sabe dos caminhos
Dessa minha terra
No meu corpo se escondeu
Minhas matas percorreu

Os meus rios
Os meus braços
Ele é meu guerreiro
Nos colchões de terra

Nas bandeiras bons lençóis
Nas trincheiras quantos ais, ai
Cala a boca - olha o fogo!
Cala a boca - olha a relva!

Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara [...]

Ele sabe dos segredos
Que ninguém ensina
Onde guardo o meu prazer
Em que pântanos beber

As vazantes
As correntes
Nos colchões de ferro
Ele é o meu parceiro

Nas campanhas, nos currais
Nas entranhas, quantos ais, ai
Cala a boca - olha a noite!
Cala a boca - olha o frio!

Cala a boca, Bárbara
Cala a boca, Bárbara [...]


Quanto ao nome do disco, "Chico Canta" não se faz um nome muito atraente para tal fim. O fato é que o disco teria o mesmo nome da peça, mas a censura não permitiu o nome "Calabar". Na verdade ainda proibiu a divulgação da proibição. Logo, colocando-se um nome meio sem nexo como esse, a intervenção da censura ficaria meio evidente aos olhos de pessoas um pouco mais atentas. Algumas pessoas dizem ser "aparentemente sem razão" a censura do nome "Calabar", mas na época da ditadura militar alusões a episódios da época monárquica eram tomados com muito cuidado. Agora pensemos numa figura representativa da traição em prol da mudança governamental para a melhoria da sociedade. Eu acho que seu nome atrelado a um disco na época da ditadura é uma razão muito válida para a censura, sim. Dessa forma aparece (agora, não sei se foi por causa da censura ao nome Calabar ou não) no nome dessa música a montagem do nome Calabar em sílabas iniciais das palavras: Cala a boca, Bárbara. Abaixo as capas do disco. Uma que seria a original com "Calabar" pichado de branco, e a outra que foi a que saiu com "Chico Canta" e uma foto do Chico de perfil no fundo.





Outra música muito interessante é a "Tira as mãos de mim" que, de modo fictício, retrata Bárbara, esposa de Calabar, no momento em que teria matado Souto (que foi a figura que traiu Calabar e o entregou aos portugueses numa emboscada), após ter tido um caso com o mesmo.




Ele era mil
Tu és nenhum
Na guerra és vil
Na cama és mocho

Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se o fogo dele guardado em mim
Te incendeia um pouco

Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo

Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se a febre dele guardada em mim
Te contagia um pouco


Além de outras músicas, uma que encerra a história de modo memorável é "Cobra de Vidro", que retrata o esquartejamento de Calabar com a sua exposição e um aviso "Presta atenção", que seria por parte das tropas ao povo, como o velho aviso do que poderia acontecer a eles se incidissem em tal caso:




Aos quatro cantos o seu corpo
Partido
Banido
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De vidro
O seu veneno incomodando
A tua honra
O teu verão
Presta atenção

Aos quatro cantos suas tripas
De graça
De sobra
Aos quatro ventos os seus quartos
Deus cacos
De cobra
O seu veneno arruinando
A tua filha
A plantação
Presta atenção

Aos quatro cantos seus ganidos
Seu grito
Medonho
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De sonho
O seu veneno temperando
A tua veia
O teu feijão
Presta atenção


Um ponto, que pode facilmente ser uma viagem minha, é o fato do animal cobra-de-vidro não ser classificado como cobra, mas sim como um lagarto sem membros. Seria uma forma de sugerir que Calabar demonstrava ser o que não era, ou algo do gênero.

Curiosidades:

1- Em "Fado Tropical" a parte que se pronuncia a palavra "sífilis" no poema é cortada pela censura.
2- Em "Bárbara", quando da constatação irrevogável de uma relação homossexual entre Ana (de Amsterdam) e Bárbara, também ocorre a intervenção da censura.
3- Ana de Amsterdam é gravada completamente instrumental.
4- Ana de Amsterdam é uma personagem completamente fictícia (seu caso homossexual com Bárbara também, por razões lógicas).

Abraços e até a próxima!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Despedida

Gosto das áreas, e gosto dos ares, da linha e do anzol
Gosto dos pares, e gosto da ímpar visão do farol
Gosto das retas, mas prefiro as curvas da clave de sol

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Trilhas sonoras das novelas

Meus raros momentos em frente à maravilhosa máquina de difusão da alienação, conhecida vulgarmente como televisão, às vezes me surpreendem. Ultimamente tenho notado que as trilhas sonoras das novelas tem bebido muito em águas do passado e tem apresentado músicas de altíssima qualidade. Desde a novela "Pé na Jaca" tenho percebido isto. Não tenho a mínima ideia do que se passava nessa novela. Nem dos atores que nela trabalhavam eu me recordo. Um dia vi um anúncio de sua trilha sonora com o qual pasmei: artistas como Elis Regina (interpretando João Bosco, meu conterrâneo, em "Corsário"), Zizi Possi, Lenine, Maria Bethânia, Ângela Rô Rô e Milton Nascimento compondo o cenário musical de uma novela das sete (disso eu me lembro)! Quase fiquei maluco e comprei o CD. Além disso tudo, conheci uma intérprete magnífica que não conhecia, a Clara Becker.

Há algum tempo vi o anúncio da novela "Insensato Coração". Na hora recordei-me de um excelente disco ao vivo de Nana Caymmi e Wagner Tiso entitulado "Só Louco". No repertório está incluída a música homônima cuja letra em determinado momento apresenta o nome da novela:

Só louco amou como eu amei
Só louco quis o bem que eu quis
Ah! Insensato coração
Por que me fizeste sofrer?[...]


Para mim era quase óbvio que a música de Dorival Caymmi não estaria na trilha. No entanto, para minha felicidade, quebrei a cara e a música estava lá e em uma versão excepcional, por sinal!

Lembrei disso tudo porque ao fazer um lanchinho de pão com ovo frito e cafezinho aqui na casa da mamãe liguei a televisão. De imediato reconheci uma das músicas da trilha sonora de Le fabuleux destin d'Amélie Poulain tocando ao fundo da novela! Está certo que não tinha muito a ver com a cena, mas a música, que é muito bacana, estava lá. Pode não ter sido muito bem escolhida, mas estava.

Após isso, a cena passa e entra outra com a Cássia Kiss dando um show de atuação ("pra variar")! Poucos segundos depois entra Paulinho Vilhena com seu personagem gago. Uma graça: desgraça! Realizei que estava no mundo da teledramaturgia brasileira, desliguei a televisão e vim escrever esse textinho. Acho que foi melhor assim.

Primeiro seguidor no blog!

Comemorando meu primeiro seguidor no blog, Mauricio Ribeiro! Tá que ele é MUITO meu amigo e me ama demais (a recíproca é verdadeira viu, Mauricio?!), mas de qualquer forma já é um começo! Hahahaha!

Ah! Quando tiver mais tempo escrevo sobre o festival de jazz de Rio das Ostras. Só adiantando: foi bom demais!!

Abraços a todos e um ótimo início de semana!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Rio das Ostras - Jazz & Blues

Amanhã o Maracá estará de partida para Rio das Ostras para participar do maior festival de Jazz do país. Isso é possível porque nessa nona edição do evento foi criado um palco especial para que novas bandas possam ter um espaço para mostrar seu trabalho. É muito importante esse espaço cedido, pois a "concorrência" com músicos que já estão na mídia torna-se desleal quando se trata de bandas em que até a produção tem que ser feita pelos próprios músicos (sem contar preparação de repertório, montagem dos arranjos, ensaios e o corre-corre do cotidiano, sendo que não se consegue viver só desse trabalho).



Diversos grandes nomes do Jazz e do Blues de todo o planeta já estiveram nesse festival. Entre eles constam: Ron Carter, John Scofield, Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Spyro Gyra, Mauro Senise, Stanley Jordan, entre muitos outros.




Aqui segue o link do Festival e aqui o link para o Blog do Maracá (antigo Nó da Madeira). Tomara que tudo corra bem e que aproveitemos bem o restante do festival também (só vai ter fera naquele lugar)!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quem disse que é só bom letrista?

"Não houve 'rompimento'. Não temos vocação para hímen."

(Aldir Blanc respondendo uma pergunta sobre o "rompimento" com João Bosco.)

... tem cada tirada também! A propósito, a historinha de que Aldir Blanc teria perdido a paciência com João Bosco por "ele não cantar as letras" pelas suas "firulas" ao interpretar deve ser mentira mesmo. Ele compôs "Crescente Fértil" em parceria com Ed Motta. Essa sim foi uma letra em vão.

domingo, 19 de junho de 2011

Fato ou não é?

A procrastinação é a atividade mais praticada nos domingos.

Espírito Santo

"Nunca entendi o que é o Espírito Santo... não é POSSÍVEL que é aquela pombinha!"

João Paulo, meu amigo e companheiro de república numa reflexão muito profunda sobre entidades religiosas.

sábado, 18 de junho de 2011

A Globo...

Em uma das pouquíssimas vezes que sento em frente à televisão vejo um anúncio de uma matéria do Fantástico sobre "os truques por detrás dos joguinhos de Festas Juninas". O objetivo é explicitar o porquê de você nunca ganhar nada. Pergunto: quem nunca constatou isso empiricamente?! Ou existe alguém que pensa: "vou levar meu filho para atirar na espingardinha porque ele vai ganhar um litro de cachaça". A graça do negócio é justamente descobrir como estão te enganando (alguns jogos eu já descobri). Aí vem a Globo e acha um absurdo estarem "engando a população" e fazem a matéria. Eu votaria que parassem de passar o horário político pelo mesmo motivo. Só digo uma coisa: não assisto! Eu descubro por minha conta e com muito mais diversão do que ouvindo o Zeca Camargo falar.

Daqui a pouco o Globo Repórter lança um programa inteiro sobre "a farsa do Papai Noel e do coelhinho da Páscoa". Quer apostar quanto? É só esperar...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Triste fim de Violeta Parra

Violeta del Carmen Parra Sandoval foi uma compositora, cantora e artista plástica chilena que atingiu grande projeção em meados da década de 50. Foi uma grande folclorista daquele país, bem como considerada por muitos a "fundadora da música popular chilena", o que não quer dizer nada no meu conceito de música popular. Na verdade, Violeta Parra entre outros compositores se prestavam a fazer um trabalho de resgate da música folclórica e da poesia camponesa. Com a prisão do seu irmão, Violeta começa, com a autoria de La Carta, a compor músicas com tom de protesto e notáveis influências indígenas. Refere-se a esse tipo de música como Música Popular Chilena.





No entanto não escrevi esse texto para ser uma biografia da moça. Gostaria de compatilhar um fato que me deixou curioso a respeito de sua vida. Todos devem conhecer a música que se chama "Volver a los diecisiete" imortalizada na fantástica voz de Mercedes Sosa. O que todos não sabem é que essa música (conjuntamente com Gracias a la vida) é de autoria de Violeta Parra. O que menos pessoas sabem ainda, é que ela a compôs para um rapaz de menos de vinte anos com o qual se apaixonara com mais de quarenta. O que quase ninguém sabe é que esse rapaz chamava-se Gilbert Favré, era suíço e flautista! Nós flautistas sempre inspirando corações (olha o nariz crescendo! Como se já não fosse grande o suficiente! Hahahaha!)! Video com a música abaixo.



Depois da separação um pouco traumática com o rapaz em 1966, Violeta começa a ser mais atingida pela incompreensão do público. Nesse mesmo ano compõe a famosíssima "Gracias a la vida" e pouco tempo depois suicida-se. Para muitos parece paradoxal o fato de Violeta ter composto uma música que é tomada como um hino a vida e logo depois ter se suicidado. Para outros, musicalmente "Graças a la vida" pelo estilo de melodia e monotonia dos temas, bem diferente de suas outras composições, refletem um estado de depressão da compositora; veem essa canção com certo tom de despedida.




Gostaria de compartilhar isso com vocês e fazer deste texto um meio de protesto quanto ao desconhecimento de tantos compositores tão importantes que passam despercebidos pela maioria das pessoas! Vamos cobrar a autoria verdadeira das músicas aí, pessoal!! Mas, claro, nada contra a Mercedona... ela é o bicho!

Abraços a todos!

Os 5 patinhos e eu

No banho agora a pouco estava refletindo sobre meu hábito de me entupir de alcalóides por via respiratória quando lembrei dos 5 patinhos da Xuxa. Não que tenha surtado e voltado à infância e nem que seja aficcionado por patos fumantes: é que comparei os meus cigarros aos patinhos da pseudo-cantora gostosa tão amada apresentadora infantil.

Já mandei meus patinhos para além das montanhas algumas vezes. Eles sempre voltaram. Mandei-os de volta para lá há três dias. Oxalá esqueçam o caminho de casa dessa vez...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Já que é para falar sobre generalidades...

tinha algum tempo que eu queria postar em algum lugar uma ideia que eu tive para fazer filmes de dados gerados em tempo real por simulações usando o software Gnuplot.

Para quem não sabe o Gnuplot é uma ferramenta de graficação e análise de dados sem interface gráfica (usa linhas de comando) do Linux que é muito versátil e de altíssima qualidade.

Estou trabalhando agora com um programa que simula dinâmica browniana de cadeias poliméricas com interação, o que leva ao processo de micelização do sistema. Bom, o que importa é que seria muito bom que eu visse a imagem da posição das cadeias enquanto o programa rodasse. Procurei durante muito tempo na internet algo do tipo, mas só encontrei coisas muito complicadas que ainda assim não me atendiam. Até que tive uma sacada no Gnuplot de modo que atingi o meu objetivo de maneira bem simples.

A ideia é você, em seu código fonte principal atualizar um único arquivo com os dados em intervalos de tempo definidos. Em outro programa que será o programa você carrega um arquivo de configuração do gnuplot que fará as configurações que você desejar e carregará um outro arquivo com comandos para o Gnuplot. Nesse outro arquivo nós utilizaremos o comando "replot" e o comando "pause". O "replot" servirá para que, com as mesmas configurações, o mesmo arquivo seja graficado novamente, só que os dados foram alterados pelo programa principal (note que são programas independentes, o de atualização dos dados e o de configuração/chamada do Gnuplot)! Então chamamos um terceiro arquivo que faz a mesma coisa e chama o segundo novamente. Desse forma estamos sempre plotando na mesma configuração dados que são atualizados pelo seu programa principal. Seguem os arquivos de configuração e um exemplo do que pode ser feito utilizando-se isso.

program plotreal

implicit none

integer*4 status,system



call confggnu()

end

subroutine confggnu()

character*30::confg1,confg2,confg3
character*5::aux
real*8 cc

open(1,file="micelas.init",status="old")
read(1,*)aux,cc

write(confg1,'(I5)')int(-cc/2.0d0)
write(confg2,'(I5)')int(cc/2.0d0)
write(confg3,'(I5)')int(cc/5.0d0)

open(500000,file='plots.gnu',status='replace')
write(500000,*) 'set terminal wxt noraise'
write(500000,*) 'set xrange ['//trim(confg1)//':'//trim(confg2)//']'
write(500000,*) 'set yrange ['//trim(confg1)//':'//trim(confg2)//']'
write(500000,'(A 200)') 'set obj 20 rect from graph 0, graph 0 to graph 1, graph 1 fs solid 0.2 fc rgb "black" behind'
! write(500000,'(A 200)') 'set obj 21 rect from graph 0, graph 0 to graph 1, graph 1 fs empty border 30'

! write(500000,*) 'set border 0'
write(500000,*) 'unset tics'
write(500000,*) 'set key off'
write(500000,'(A200)') adjustl('plot "pos" using 1:2:3 w p pt 7 ps 0.5 lc variable, "pos" using 1:2:3 w l lc variable')
write(500000,*)'pause 0.01'
write(500000,*)'load "plots2.gnu"'

close(500000)

status=system('gnuplot "plots.gnu"')

end subroutine confggnu


Esse é o programa que chamei de plotreal. Como podem ver ele monta o primeiro arquivo de configuração e logo em seguida o chama. Detalhe para a chamada do plots2.gnu dentro do plots.gnu.

set terminal wxt noraise
set xrange [ -120: 120]
set yrange [ -120: 120]
set obj 20 rect from graph 0, graph 0 to graph 1, graph 1 fs solid 0.2 fc rgb "black" behind
unset tics
set key off
plot "pos" using 1:2:3 w p pt 7 ps 0.5 lc variable, "pos" using 1:2:3 w l lc variable
pause 0.01
load "plots2.gnu"


Saída do plots.gnu.

Agora só resta os outros dois arquivos de configuração.

plots2.gnu :

replot
pause 0.1
load "plots3.gnu"


plots3.gnu:

replot
pause 0.1
load "plots2.gnu"


Os "pauses" são somente para o gnuplot não tentar graficar o mesmo arquivo várias vezes utilizando toda a velocidade que seu computador permitir. Abaixo segue um video com uma função seno f(x) = sin(a*x) com o termo "a" aumentando com o tempo.



Abraços a todos e bom proveito!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Zimbo Trio - Electrizantes Clasicos en Bossa Nova


Desde sempre sou um amante da música em geral, mas sejamos justos em um quesito: os brasileiros são músicos de criatividade inata! Um ótimo exemplo disso é o grupo Zimbo Trio que há cerca de 40 anos vem gravando discos e fazendo shows de altíssima qualidade, principalmente no ramo da bossa/jazz.




Escolhi esse disco em especial porque nunca esperaria que algo tão ousado pudesse ser tão bem feito! A escolha de repertório, a montagem dos arranjos e a execução são todos impecáveis de modo que aparentemente as composições originais foram feitas para serem tocadas neste formato!

Uma outra compilação muito legal é a "Beatles 'n Choro", mas isso já é tema para outro post.

Falso Acalanto

Existem pouquíssimas coisas melhores que acordar em uma manhã de início de inverno e ficar na cama só deixando o tempo passar. Hoje estava aproveitando essa maravilhosa sensação misturada ao fato de ter despertado com um longínquo barulhinho de máquina de lavar; a máquina de lavar da mamãe. Então surge um outro sentimento, um sentimento de carinho e proteção que só na casa de nossos genitores conseguimos experimentar. Nesse ponto é que abro os olhos e vejo toda a bagunça do meu quarto, computador ligado e uma aula de Física II para preparar. Quer saber o pior? A máquina de lavar era da vizinha. E era provavelmente a sua dona que a operava.