terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Porta aberta

Bom, agora é hora, eu acho
De abrir meu portão.
Abrir o meu lar para visitação
Deixar tirar foto, cantar e dançar no salão.

Eu baixei minhas portas no dia
Que ouvi sobre mim umas troças
De diabos que espreitavam já pelo saguão.

Com cara fechada e machado na mão
Corri como um louco pela escuridão
A dar machadadas a esmo, em vão.

Foi quando notei que assim não funciona
Larguei o machado, peguei uma lona
E pus-me a juntar umas tralhas em mim

Limpei cada canto, cada encanto quebrado
À noite desnudo, à luz fantasiado
Pra não espantar visitantes afins.

E então com a faxina se foram os diabos
Sem cheiro de mofo e de rabos queimados
Pela luz que adentrou a janela, enfim.

E então que agora esta casa eu reabro
Para visita ou morada de fato
E como um vaso assim preparado
Aceito semente, muda ou enxerto
E hei de nutrir com esmero e acerto
Tomando de minha limpeza a fonte
Para a orquídea que entrar e vingar no xaxim.