segunda-feira, 29 de julho de 2013

O que importa

Eu não ligo se é presidente ou presidenta. Se o reitor é magnânimo, ou se o juiz é excelente. Se o deputado é ilustríssimo. Também não estou muito preocupado se incomodo-me ou me incomodo. O que incomoda de verdade é o fato de muitas pessoas não preocuparem-se com o que é realmente importante em cada situação. Presidente ou presidenta, fomos nós que colocamos lá. O que importa é que saibamos cada vez melhor escolher quem ocupa o cargo; seja terminando com e ou com a.

Tratamento é tratamento. O que importa é o que está sendo tratado. Se vamos deixar as universidades serem estupradas por uma política irresponsável de expansão em que quantidade é incontáveis vezes mais importante que qualidade ao invés de crescermos e expandirmos de maneira responsável e não sobrecarregando ainda mais o profissional professor que já anda cantando mais que carro-de-boi. É isso o que importa. Não se o reitor é magnânimo, ilustre ou o que seja.

Língua e escrita são formas de comunicação. Não adianta nada nós exacerbamos nosso rebuscado maquinário linguístico sem pensarmos com afinco sobre aquilo o que estamos escrevendo ou difundindo em redes sociais. Tem muita gente aí brigando para que tiremos os tremas do u, mas continuam com vendas no olhos, tampões nos ouvidos e freios no cérebro. Gente que vê preconceito em todas as frases sem pensar que a aceitação das diferenças é o caminho da equidade. Gente que pensa que toda essa cultura do preconceito acabará se jogarmos as diferenças para debaixo do tapete, proibindo verbetes e demonizando discursos claros e inocentes. Gente que não muda de opinião, que pensa que discussão é futebol. Que não enxerga que em uma discussão honesta todos ganham. Gente que não abre a mente.

Preocupemo-nos com o importante, senhores, com o âmago, com o cerne! Quem pensa em detalhes demais esquece do conteúdo. E o que fazemos dessa maneira é comer latas de merda somente porque têm embalagens bonitas...


domingo, 21 de julho de 2013

Olhares

São os olhos as pequenas frestas pelas quais vejo teu coração. Um coração livre, pulsante, alegre, sincero e libidinoso. Cada rápido cruzar de olhares é uma aula, uma lição, uma palestra, um seminário. Nesses centésimos de segundo aprendo muito sobre o teu ser: teus anseios, teus medos, teus princípios, teus amores, teus rancores. Os mais variados questionamentos assaltam-me a mente e o peito. As pernas não respondem. Um misto de frio e vazio chegam à barriga e expandem seus domínios. É muita informação para meu corpo suportar. Há muito o que se processar. Há muito o que dizer. É como se toda a verdade do mundo estivesse ali na minha frente e eu tivesse somente esses centésimos de segundo para absorver. Daí vem todo esse desespero. Daí vem todo esse curto-circuito de sensações que ao mesmo tempo doem e dão prazer. Será que também te sentes assim? Isso é coisa que teu coração não me diz. Isso é coisa importante que eu busco sempre em meio a esse turbilhão de sentidos. Acontece que quando estou quase lá, quando estou quase a ponto de desvendar esse mistério nossos olhares se descruzam. Terminou a aula, acabou o seminário. As pernas respondem e a barriga se enche e se aquece novamente. Está fechado o livro da verdade. O jeito é esperar pela próxima aula. Que não tem hora nem data marcada, mas que sempre anseio por acontecer.