sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Falta

Um frio constante. Um frio que não vai abrandar. Tua alma fundiu-se à minha e levaste de mim minha própria metade. Levaste de mim meu cerne, meu eu. Eu meu que logo agora acabara de dar os últimos retoques. Mas desses retoques tu foste a cor perfeita da pintura. Tu és o que é genial na obra do grande mestre. É como se tu fosses a tinta e eu a tela. Tu o solista, eu a orquestra. Tu a cereja, eu o bolo. Eu o céu, tu o ocaso. És tudo de mais belo que em mim pode existir. E eu sou o palco onde tua arte se mostra. Sou eu a harmonia do teu improviso. Sou eu o esqueleto de teu belo corpo. O arroz do teu feijão. Do molho, o teu macarrão. Tu és minha pitada. O segredo que ninguém revela. O que me há de melhor. E que de melhor nunca deixará de me ser.