quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fantasma

A um fantasma devotei minh'alma,
Meus anos e minhas lágrimas.
A um fantasma devotei meus risos,
Meus sóis e madrugadas.

Um fantasma roubou-me a paz.
Roubou-me os olhos e o meu sono.
Um fantasma que nada traz
Além de choro e abandono.

Se aparece, em polstergeist,
Acendo logo os castiçais,
Só que antes do jantar ele some.

Se aparece, assombração!
Bate-me as portas do coração
E deixando-as cerradas ele some.

A um fantasma faço rituais,
Acendo velas, procuro em vitrais
O espectro de sua presença.

Este fantasma, que bem me faz?
Além da beleza de sua forma altiva
Que ao surgir, gozam meus olhos em alegria?

A um fantasma devotei minha vida
Aqui escrevendo nesta noite fria
Da possessão há anos sofrida
Por esta aparição, por este guia.

A um fantasma devotei meu mundo
Tendo seu rei colocado em xeque
Segue parado a cada segundo
Girando tal qual as mesas de Allan Kardec.