quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Armadura
Criamos todos nossas defesas. Empunhamos todos nossas armas. Mas quem acaricia com manoplas e espada, abraça com couraça ou beija com um elmo? Para amar é absolutamente necessário privar-se das defesas. Quando amamos, inconscientemente nos despimos. E quando nos despimos os menores movimentos nos machucam. As palavras mais tranquilas nos alvejam. E se é esse um falso amor, imediatamente vestimos novamente nossa couraça, nossas luvas, nosso elmo e empunhamos novamente nossa espada. Mas um amor verdadeiro revela-se em cicatrizes. Um amor verdadeiro as coleciona. Guarda cada uma delas como uma vitória e faz questão de se manter indefensável. Porque por defesa pressupõe-se distância. E com distância nunca há de se manter um amor. Passamos a prezar por nossas cicatrizes e mensuramos por elas nosso amor. Medimos esse amor por quantas cicatrizes podemos suportar. Todos nós temos amores de cinco, sete, quinze cicatrizes. Mas quando se ama de verdade os números não importam. Tampouco as profundidades das feridas. Feliz é o que tem seu peito aberto, suas mãos nuas e seus lábios expostos para alguém. E que, para esse alguém, jamais abrirá mão de mantê-los assim.
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