Não, eu não vou ao casamento. Eu poderia inventar quatrocentas mil desculpas para evitar essa conversa, mas prefiro a verdade. A verdade que deveria ter sido dita há anos e talvez trouxesse um novo rumo ao andar trôpego que tomou nossa carruagem.
Não, eu não vou ao casamento porque não conseguiria presenciá-lo. O casamento é cônjuge de vários funerais: o funeral do nosso alegre barzinho na esquina; o funeral da nossa casinha na roça em beira de rio; o funeral da nossa vidinha pacata e dos nossos churrascos nos fins de semana. E como bem sabes, eu não gosto de funerais.
Não, eu não vou ao casamento porque ele é o veneno para uma vida em mim pré-construída. Uma vida luminosa, ensolarada e muito bem arborizada e florida pelos canteiros. Uma vida de criança. Uma vida de doces e travessuras. E envenenada essa vida em mim, só me resta a atual. Uma vida gris, nublada e de muros pichados e janelas quebradas. Uma vida moribunda. Uma vida de ombros baixos e lágrimas escondidas.
Leva de volta teu convite e dá-o para outra pessoa. Porque não, eu não vou ao casamento.
Me pergunto por quanto tempo este poema ficou guardado em você?
ResponderExcluirNa verdade uns 15 minutos. Tive que levantar da cama pra escrever e não perder a ideia! Hehehehe!
ResponderExcluirEsse parece um cr~^onica,de tão real que achei rs
ResponderExcluirEsse parece um cr~^onica,de tão real que achei rs
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